[RP] Noticias com o vento

[Ide Yasmim]

Ela vê todos saindo calmamente do salão e quando finalmente está a sós com seu pai ela se aproxima dele:

-Sente-se por favor pai -ela o ajuda a se sentar e afasta uma mecha que caia no rosto dele -o senhor está pálido.

Ela vai rapidamente até um lado do salão e serve água em uma taça de vidro que o Unicórnio sabia modelar e que provavelmente era estranho aos outros do império oferecendo ao seu Daimyo:

-Shinjo Lawan foi a única dos primeiros filhos de Shinjo Shono que sobreviveu? Como o senhor sabia?- ela não conteve a curiosidade.

[San]

Os samurais deixam o amplo salão como que em procissão. Horiuchi Yoko cumprimenta longamente tando o Daimyo quando Ide Yasmim antes de acompanhar os outros. Da mesma forma faz a Shinjo, despedindo-se silenciosamente.

...
Moto:

Quando passam pela porta as duas outras Shinjo se juntam a vocês, um longo corredor os leva até a saída. As tapeçarias nas paredes remontam batalhas ocorridas durante as viagens do Unicórnio, batalhas contra bárbaros, rakshasas e criaturas ainda mais estranhas as vezes. A mais recente parece ser a batalha contra o Carangueijo, quando parte do Unicórnio reentrou em Rokugan, depois as paredes são vazias, esperando o que retratar.

Shinjo Lawan para na saída do castelo, um jardim com ares de oásis cerca o local. Ela se dirige ao Moto:

-Essas são Shinjo Ree e Shinjo Mika. - Ambas cumprimentam o Moto.

-Podem descansar, foi uma longa viagem, partimos pela manhã.

Agora, quando dispensadas elas cumprimentam novamente e saem juntas, conversando algo. Abordar o primeiro heimin que encontram para receber quartos e algum refresco depois da viagem. Lawan olha o Moto novamente:

-Ainda esta disposto a me acompanhar, Moto-san? - com um gesto breve ela o convida caminhar.

...
Ide:

O Daimyo Ide parece preocupado, a expressão dele pouco demonstra isso mas o olhar é claro para Yasmim. Ele se senta aceitando a recomendação da jovem sentando-se novamente e o heimin já vai rapidamente buscar os chás e medicamentos. Novamente usando as longas mangas o daimyo cobre a boca para tossir, retomando o folego ele olha a filha com carinho, uma feição que outros samurais desconhecem:

-Ehehe, minha jovem filha logo vai saber de muitas coisas. Todos vão querer seus favores e lhe oferecer informações em troca deles, a verdadeira tarefa é distinguir os boatos das verdades.

Ele se senta encostando-se completamente no fundo da cadeira, tentando ficar confortável:

-Hum, sobre isso. Quando a família de Shinjo Shono foi atacada sua escolta foi praticamente massacrada, seus filhos foram mortos mas Ide Ghen era o yojimbo de Suren e conseguiu fugir com ela. Dada a brutalidade do ataque ele decidiu esconde-la ao invés de tentar traze-la de volta sozinho, quem quer que fossem os inimigos parecem ter acreditado que todos foram mortos no ataque. Ide Ghen me procurou, eu suportei sua decisão, me pareceu o mais seguro a fazer. Todos os ritos foram feitos como se a família tivesse se perdido e eu tive que esperar o momento certo de informar a verdade a Shinjo Shono, eram tempos conturbados, especialmente quando ele se tornou Daimyo e passou a ser observado mais de perto pelo khan e pelos inimigos do clã. Suren me procurou quando soube que Shono se casaria novamente, eu arranjei para que ela e Shono se encontrassem e... Shinjo Lawan. Não tive noticias delas por anos, até bem recentemente.

Uma fila de três heimins se aproxima cumprimentando. Cercam o Daimyo Ide oferecendo pilulas e chás que ele engole um após o outro, acostumado a rotina. Então ele continua:

-Você vai a corte de Inverno em Toshi-Ranbo, alguém tem que representar a família. O Khan provavelmente tem outros representantes, como Ide Tang, em mente. Tome cuidado. É importante cercar-se de aliados, encontrar aqueles nos quais confiar é essencial à liderança. Não vamos desapontar os ancestrais, essa é nossa família.

[Moto Kai Hwan Ji]

Conforme as acompanho pelos corredores, meu semblante se torna pensativo e um fio temeroso me vem a mente com a iminência de uma guerra. A paz que perdura por 4 anos quebrada por nossas mãos. O que será de nós se despertarmos a fúria de nossos irmãos?

- Hm...?

Quando dou por mim, maneio positivamente a cabeça, cumprimentando-as.

- Enquanto permanecerem em Duzaki Toshi, estarei ao dispor para o que precisarem. Não hesitem em me procurar.

Não me especificaram por quanto tempo teria de acompanhá-las mas estando dispensado de minhas funções enquanto permanecessem me faz ponderar o que diabos fazer agora. Mas então ouço o convite de Shinjo-San. É impressão minha ou ele carrega um pouco da ousadia nela implícita? Pensar nisso me faz abrir um sorriso de canto involuntário.

- Antes eu estava disposto, Shinjo-Sama.

E dou um aceno breve com a cabeça.

- Agora me sinto disposto e até feliz por fazê-lo.

E estendo um dos braços em sinal de que siga em minha frente. 2 anos em Duzaki Toshi e nunca pude estar no itnerior das propriedades Ide.

[San]

A Shinjo parece brava com o "antes eu estava disposto" mas o 'sama' lhe atenua as feições antes que ela possa responder. Quando o Moto termina de falar ela já esboça um discreto sorriso. Vocês começam a caminhar pelo jardim de aspecto árido que tem algumas palmeiras tão altas quanto o próprio castelo.

-Moto-san se enfiou em uma situação complicada, percebe? - Ela caminha olhando a diante, falando em um tom mais ameno, talvez por não estar diante de nenhum daimyo ou talvez por começar a superar a desconfiança instintiva que guarda pelos Moto.

[Ide Yasmim]

-Pai, porque o senhor considera Ide Tang uma ameaça? Eu sei que ele é próximo a Moto Chagatai mas ele é um membro talentoso da nossa família, os propósitos dele são tão divergentes dos nossos assim?

Ela faz uma pausa e aperta a ceda de seu kimono em ambos os lados que seus braços pendiam, fazendo um pequeno bolo nas mãos:

-Eu entendo que com o anuncio do retorno da Kami Shinjo, tudo muda, mas porque arriscar tanto para por alguem fraco no comando, não seria mais sensato apoiar alguem mais experiente? Alguem que já consiga chegar ao Khan e faze-lo abrir os olhos quanto ao que realmente importa agora?

[San]

-Eu não o considero uma ameaça, eu considero a possibilidade de que ele assuma a liderança da família Ide no seu lugar uma desgraça, é diferente. Bem diferente. As coisas já foram bem confusas até aqui, eu não estou disposto a ver a minha própria linhagem perder seu lugar de direito. Não quero ver isso desse mundo, nem de outro.

Ele observa Yasmim reconhecendo ali algum nervosismo:

-E você não acha que pode fazer isso? Quando tiver respeito e aliados o khan estará mais disposto a ouvi-la.

Ele apoia os braços nas laterais da cadeira se acomodando, já preparado para a típica indisposição que sente alguns momentos depois dos remédios:

-A situação é previsível, eu não vou durar muito e o Khan confia mais em Tang, e em outros Ide, do que em você, para manter o controle do clã ele vai me substituir por alguem que esteja no controle dele. Talvez você se case com Tang, talvez algo pior aconteça.

O daimyo a olha de canto de olho, praticamente imóvel na cadeira, esperando alguma reação dela, tentando ler se ela realmente entendeu o quão pior é esse "pior".

[Ide Yasmim]

-Eu posso faze-lo, meu temor é que o tempo talvez não esteja a nosso favor. Me perdoe eu deveria estar mais focada em compreender logo toda a situação e por meus movimentos em curso.

Yamim tenta parecer inabalada com a menção do tempo restante de seu pai, ela não queria pensar em mais perdas, mas o que ele diz em seguida a deixa assutada. Não era por temer por sua vida, mas pensar que samurais do seu clã possam querer se envolver em assassinatos ou coisa pior, bem ela não queria imaginar em quão baixo alguem possa descer por poder. A própria Kami Shinjo já havia punido uma familia por isso, doía a possibilidade da sua familia maculada por esse tipo:

-Não...- foi só oque saiu de sua boca.

[San]

O Daimyo Ide faz um sim com a cabeça em resposta, se levanta da cadeira com esforço em seguida:

-Se Shinjo kami sama vai voltar seria bom trazer junto seus irmãos, ha muito esse Império esqueceu parte das tradições que os kamis plantaram. - ele tosse uma vez mais, abafando o som com a mão, enquanto anda em direção aos corredores. -Eu não entendo de profecias, mas tenho um dever com essa família.

[Moto Kai Hwan Ji]

- Percebo, Shinjo-Sama. Mas está situação me é, de certa forma, familiar. Para minha sorte, eu acho...

O olhar passeia pela paisagem com certa admiração.

- Digamos que as vezes o apoio as nossas idéias vem de fontes inesperadas... de formas inesperadas e até mesmo de tempos inesperados, com uma sincronia perfeita mas tão complexa que sua existência só pode ser explicada pelas fortunas.

E sinto uma estranha vontade de contá-la sobre o homem cujas palavras ainda são ouvidas por mim, mesmo após supostamente morto há quase 10 anos.

- Sei que muitos pensam que as grandes família são como colônias de formiga, perfeitas em suas ambições coletivas, seguindo felizes os desígnios de sua rainha. Mas tenho consciência de que esta devoção vem muito mais em forma de atos do que de idéias. A diferença é que a perspectiva de mudança vem sempre acompanhada de uma esperança. Ide-Sama mostra-se esperançoso no sucesso de Ide Yasmin-Sama na corte. Shinjo-Sama as deposita nos sinais que as fortunas apontam sobre o retorno de Shinjo Kami-Sama. Quando eu penso que as coisas poderiam ser diferentes e isso me leva a desejar que sejam...

E sorrio de leve parando de andar.

- Gostaria de também me apegar a algo que trouxesse alguma esperança.

[San]

-Hum, entendo, que bom que o Moto-san esta disposto a lidar com esse tipo de situação. De fato, as vezes encontramos aliados onde menos se espera, eu me sinto diante de um desses momentos agora mesmo.

Ela meneia para ele discretamente e continua a caminhada. Um lago artificial completa a paisagem fantástica, ele não tem peixes ou plantas, servindo também como um reservatório mais emergencial.
Lawan para assim que o Moto o faz, a súbita mudança no ritmo do movimento faz com que ela olhe, indiretamente, para ele.

-Nossas esperanças são sempre relacionadas aos nossos desejos. O que o Moto-san deseja?

[Moto Kai Hwan Ji]

Em frente a uma das margens do lago, observo meu reflexo nela.

- Na hora certa, irá entender que quando lhe disse a respeito da afinidade de idéias, eu não estava me referindo exatamente a mim.

Como Shinjo-Sama se sentiria ao ler as palavras de um homem que há quase 20 anos atrás previu todos os seus temores? E a olho novamente, maneando com a cabeça em sinal de que voltemos a andar. Um breve gesto de desculpas pela parada.

- Mas fico feliz que se sinta dessa forma, Shinjo-Sama. Irei fazer o que puder para ajudá-la a não piorar nossa imagem no restante do império. Existem muitas empreitadas bélicas guiadas por minha família nas quais concordo cegamente. Mas como Shinjo-Sama, não desejo que a disposição em pegar em armas pelo que se acredita se transforme em uma espécia de cruzada ambiciosa. E francamente, discordo com Ide-Sama em um ponto.

E abaixo a cabeça pensativo.

-Talvez ele estivesse se referindo a si mesmo, mas quanto a mim... eu não me sinto traindo ninguém. Meu coração está com os Moto, assim como o coração dos Moto estão no Unicórnio e pela minha vida, eu jurei protege-los. A única diferença é que, pelo que Shinjo-Sama me diz, dessa vez me parece que nós, os Moto, precisamos ser protegidos de nós mesmos.

E maneio a cabeça, olhando-a.

- Apenas não vejo como posso lhe ser útil, ainda. Então espero que ao menos neste momento, a companhia em seu passeio neste belo lugar lhe seja o suficiente.

[San]

-Não se referir exatamente a si, significa estar se referindo a Moto-san e outras pessoas ou apenas a outras pessoas?

Ela parece intrigada, agora que tem dúvidas quanto ao real significado daquelas palavras e, evidentemente, se existem outras pessoas com interesses comuns, gostaria de encontra-las. Ela retoma a caminhada.

-A força é necessária, e a guerra é necessária, mas se tornam um problema quando são, invariavelmente, a única solução da qual dispomos, da qual um clã dispõe. Eu não me adiantarei em falar sobre traições, isso vai se mostrar com o tempo já que os vencedores nunca são os traidores, ao menos não nas paginas da história.

Ela olha a diante, o horizonte do qual o sol se aproxima em um luminoso final de tarde, a mudança sutil no tom de voz indica um assunto que a preocupa muito mais:

-Eu não consigo deixar de me perguntar, mal se passaram trinta anos, por que Shinjo kami sama vai voltar? As coisas que se pode ver do céu com certeza não são as mesmas que vemos do ningendo. Do céu, tanto os kamis quanto os ancestrais, observam a todos nós, não?


(Ide-san, pode ficar a vontade para agir como preferir, a resposta do Daimyo pra você esta ali em cima, ok?)

[Moto Kai Hwan Ji]

- Eu concordo. Existe uma grande diferença entre a guerra ser a melhor solução e a guerra ser a única solução.

Franzi o cenho em uma expressão séria ao ouvir aquela de "Vencedores não são traidores nas páginas da história". Esperei que falasse até o fim, mesmo quando fala sobre Kami Shinjo antes de continuar.

- Observam, Shinjo-Sama. Os Kamis e os ancestrais observam. Observam até mesmo o que as páginas da história, ao longo do tempo, não observaram. Já pensou nisso?

E então novamente paro de caminhar. É minha vez de me curvar,.

- Eu tenho uma pergunta. Mas se não considerar indecoro, gostaria que a respondesse olhando em meus olhos.

[San]

-Claro. - Ela se vira olhando-o mais diretamente finalmente, igualmente acostumada aos costumes que os rokuganis chamariam de barbaros. Ela não parece se sentir desconfortavel ou ofendida com isso: - Faça sua pergunta.

[Moto Kai Hwan Ji]

Logo então me levanto, olhando-a diretamente.

- O que realmente deseja para o nosso clã, Shinjo-Sama? Que ele encontre o caminho certo? Ou que ele esteja nas mãos certas?