Post by Tsuruchi Shen on Oct 23, 2013 20:07:42 GMT -5
Continuação de A Embaixada do Louva-Deus
Toshi Ranbo - Início do Mês do Cão de 1164
Após concluir seu dever na Embaixada do Louva-Deus e enquanto esperava orientações de seu Clã, o sentimento de inquietude passou a crescer diariamente na mente de Shen. O jovem Louva-Deus não sabia se tal sensação era advinda das pressões sociais que agora recaiam sobre seus ombros, da ausência das atividades físicas e investigativas que normalmente ocupavam seu tempo, de seu desconforto perante o luxo da capital imperial ou se todos esses problemas combinavam-se, resultando em seu estado de espírito atual.
Visando compor seus dias e sanar suas preocupações, Shen criou um ciclo de atividades diárias que buscava manter com regularidade, na medida do permitido por seus horários de serviço ao Clã. Saia entre a Hora do Tigre e a da Lebre para visitar os mercados durante seu período de abertura, depois caminhava pelos distritos e jardins da cidade, retornando aos mercados durante a Hora do Cavalo, seguindo para o dojo de Kyujutsu durante à tarde e frequentando casas de sake a partir da Hora do Cão. Dessa forma, ele buscava exercitar suas faculdades investigativas coletando rumores pela cidade durante os períodos mais movimentados do dia e treinar com o Yumi para a competição que ocorreria no Mês do Javali. Mas nem mesmo a estabilidade de uma rotina fora capaz de acalmar a mente agitada do Tsuruchi.
Templo do Pequeno Professor - Distrito Ichidou, Toshi Ranbo
Durante uma de suas caminhadas matinais, Shen encontrou-se no pátio interno do que parecia ser um templo, em frente a uma antiga kaya, circundada por selos de proteção cujo significado ele desconhecia. O arqueiro não lembrava ao certo como chegara até ali, recordando-se apenas da nítida sensação de sentir algo ou alguém chamando-o e, antes que percebesse, estava lá, parado em frente à grande árvore. Havia perdido a sensação de tempo e, pela primeira vez desde que chegara à capital imperial, sua mente estava realmente em paz. Enquanto prestava atenção no som do vento soprando através das folhas da imponente árvore, o arqueiro ouviu uma voz, com timbre grave mas surpreendentemente calma, vinda de algum lugar atrás dele.
Ela é realmente bela não é? Eu sempre venho aqui quando sinto a necessidade de esvaziar minha mente.
Sim, responde o jovem arqueiro, sem se virar, a vida ocupada da capital havia me feito esquecer da paz que pode ser encontrada nos momentos calmos de contemplação.
O monge se aproxima do Louva-Deus e coloca-se a seu lado, olhos fixos na kaya. Ele era um homem visivelmente forte, mesmo para sua idade avançada, e tanto sua compleição física quanto seu tamanho avantajado e pele marcada por velhas cicatrizes indicavam passado guerreiro. O velho bushi permaneceu em silêncio ao lado do jovem, enquanto corria os dedos calmamente por um o-nenju.
Após momentos de silêncio, Shen, olhando para os selos ao redor do tronco da árvore, pergunta, o que querem dizer esses símbolos? Não reconheço todos os caracteres.
O monge sorri amigavelmente e responde, eles são antigas orações de proteção, iluminação e orientação. Os membros da Irmandade que zelam por este lugar sagrado dizem que o kami que habita essa kaya é capaz de sentir quando as pessoas possuem um propósito mas estão perdidas na vida. Ele então as oferece uma chance de encontrar as respostas que procuram, contanto que essas pessoas estejam dispostas a dedicar-se para obter essas respostas.
O arqueiro olha à sua volta e, pela primeira vez, percebe os diversos monges que, discretamente, seguiam com seus afazeres diários ao redor do templo. Ele oferece uma mesura ao idoso monge e diz, meu nome é Tsuruchi Shen, filho de Tsuruchi Shigen-sama e Moshi Aiko-sama, arqueiro da Vespa e caçador de fugitivos da Lei Imperial... o jovem interrompe sua fala e, após uma breve pausa, continua, mas sinto que aqui, minha família e meus títulos são de menor importância do que quem eu sou, portanto, pode me chamar apenas pelo meu nome.
O velho guerreiro sorri novamente, faz uma reverência para o arqueiro, e diz, Shen-san, meu nome é Munetoshi e sou um dos guardiães desse templo. É um prazer conhecê-lo. Munetoshi analisa o arqueiro cuidadosamente por um instante e Shen percebe que quem o olhava agora não era um monge e sim um bushi. A sensação esvai-se rapidamente e o monge diz educadamente enquanto oferece uma mesura, desculpe meus modos Shen-san. Às vezes, velhos hábitos persistem.
Shen oferece uma reverência ao monge e diz, Munetoshi-san, devo confessar que não sou uma pessoa especialmente religiosa, devido a circunstâncias que envolvem meu nascimento e criação, o Louva-Deus faz questão de revelar seu olho branco nesse momento, mas sinto que minha vinda até este templo não foi ao acaso. Há dias minha mente se encontra inquieta e o motivo dessa inquietude me elude. Após uma pensativa pausa, o arqueiro continua, daqui há aproximadamente um mês, durante a abertura da Corte de Inverno, irei participar, em nome de minha Família, de um torneio de Kyujutsu organizado pelos honoráveis Seppun. Sei que meu pedido pode soar abrupto, mas gostaria de passar a semana anterior à competição aqui no Templo, preparando-me para ela e participando do dia a dia dos monges. Acredito que essa experiência me proporcionaria a paz que necessito para encontrar minha resposta. Isso seria possível?
Shen-san, tenho certeza que ao longo da vida descobrirá, assim como eu o fiz, que o toque dos kami nem sempre é gentil, mas que ele sempre carrega um propósito. Não deixe que o passado enuble seu presente, mas aprenda a utilizar-se dele para perceber o mundo sem depender da visão. O monge silencia-se por um instante e o jovem arqueiro esforça-se para compreender suas palavras, enquanto observava os galhos da kaya balançando ao sabor do vento. Seu pedido é aceitável e sua presença bem-vinda. Informarei meus irmãos e irmãs e fico feliz que tenha nos procurado. Tenho certeza que um bushi da Vespa não terá problemas em acompanhar nossas atividades diárias e espero que possamos ajudá-lo a encontrar as respostas que procura, o monge diz de forma gentil e educada, oferecendo uma mesura para o jovem arqueiro. Obrigado por seus conselhos e por sua compreensão Munetoshi-san. Nos veremos em breve, o arqueiro da Vespa oferece uma última reverência ao monge antes de partir e, sem perceber, oferece uma reverência à kaya.
Na saída, Shen repara o símbolo da Irmandade de Shinsei acima do torii de entrada e lê o nome, entalhado na madeira antiga, Templo do Pequeno Professor.
Toshi Ranbo - Início do Mês do Cão de 1164
Após concluir seu dever na Embaixada do Louva-Deus e enquanto esperava orientações de seu Clã, o sentimento de inquietude passou a crescer diariamente na mente de Shen. O jovem Louva-Deus não sabia se tal sensação era advinda das pressões sociais que agora recaiam sobre seus ombros, da ausência das atividades físicas e investigativas que normalmente ocupavam seu tempo, de seu desconforto perante o luxo da capital imperial ou se todos esses problemas combinavam-se, resultando em seu estado de espírito atual.
Visando compor seus dias e sanar suas preocupações, Shen criou um ciclo de atividades diárias que buscava manter com regularidade, na medida do permitido por seus horários de serviço ao Clã. Saia entre a Hora do Tigre e a da Lebre para visitar os mercados durante seu período de abertura, depois caminhava pelos distritos e jardins da cidade, retornando aos mercados durante a Hora do Cavalo, seguindo para o dojo de Kyujutsu durante à tarde e frequentando casas de sake a partir da Hora do Cão. Dessa forma, ele buscava exercitar suas faculdades investigativas coletando rumores pela cidade durante os períodos mais movimentados do dia e treinar com o Yumi para a competição que ocorreria no Mês do Javali. Mas nem mesmo a estabilidade de uma rotina fora capaz de acalmar a mente agitada do Tsuruchi.
Templo do Pequeno Professor - Distrito Ichidou, Toshi Ranbo
Durante uma de suas caminhadas matinais, Shen encontrou-se no pátio interno do que parecia ser um templo, em frente a uma antiga kaya, circundada por selos de proteção cujo significado ele desconhecia. O arqueiro não lembrava ao certo como chegara até ali, recordando-se apenas da nítida sensação de sentir algo ou alguém chamando-o e, antes que percebesse, estava lá, parado em frente à grande árvore. Havia perdido a sensação de tempo e, pela primeira vez desde que chegara à capital imperial, sua mente estava realmente em paz. Enquanto prestava atenção no som do vento soprando através das folhas da imponente árvore, o arqueiro ouviu uma voz, com timbre grave mas surpreendentemente calma, vinda de algum lugar atrás dele.
Ela é realmente bela não é? Eu sempre venho aqui quando sinto a necessidade de esvaziar minha mente.
Sim, responde o jovem arqueiro, sem se virar, a vida ocupada da capital havia me feito esquecer da paz que pode ser encontrada nos momentos calmos de contemplação.
O monge se aproxima do Louva-Deus e coloca-se a seu lado, olhos fixos na kaya. Ele era um homem visivelmente forte, mesmo para sua idade avançada, e tanto sua compleição física quanto seu tamanho avantajado e pele marcada por velhas cicatrizes indicavam passado guerreiro. O velho bushi permaneceu em silêncio ao lado do jovem, enquanto corria os dedos calmamente por um o-nenju.
Após momentos de silêncio, Shen, olhando para os selos ao redor do tronco da árvore, pergunta, o que querem dizer esses símbolos? Não reconheço todos os caracteres.
O monge sorri amigavelmente e responde, eles são antigas orações de proteção, iluminação e orientação. Os membros da Irmandade que zelam por este lugar sagrado dizem que o kami que habita essa kaya é capaz de sentir quando as pessoas possuem um propósito mas estão perdidas na vida. Ele então as oferece uma chance de encontrar as respostas que procuram, contanto que essas pessoas estejam dispostas a dedicar-se para obter essas respostas.
O arqueiro olha à sua volta e, pela primeira vez, percebe os diversos monges que, discretamente, seguiam com seus afazeres diários ao redor do templo. Ele oferece uma mesura ao idoso monge e diz, meu nome é Tsuruchi Shen, filho de Tsuruchi Shigen-sama e Moshi Aiko-sama, arqueiro da Vespa e caçador de fugitivos da Lei Imperial... o jovem interrompe sua fala e, após uma breve pausa, continua, mas sinto que aqui, minha família e meus títulos são de menor importância do que quem eu sou, portanto, pode me chamar apenas pelo meu nome.
O velho guerreiro sorri novamente, faz uma reverência para o arqueiro, e diz, Shen-san, meu nome é Munetoshi e sou um dos guardiães desse templo. É um prazer conhecê-lo. Munetoshi analisa o arqueiro cuidadosamente por um instante e Shen percebe que quem o olhava agora não era um monge e sim um bushi. A sensação esvai-se rapidamente e o monge diz educadamente enquanto oferece uma mesura, desculpe meus modos Shen-san. Às vezes, velhos hábitos persistem.
Shen oferece uma reverência ao monge e diz, Munetoshi-san, devo confessar que não sou uma pessoa especialmente religiosa, devido a circunstâncias que envolvem meu nascimento e criação, o Louva-Deus faz questão de revelar seu olho branco nesse momento, mas sinto que minha vinda até este templo não foi ao acaso. Há dias minha mente se encontra inquieta e o motivo dessa inquietude me elude. Após uma pensativa pausa, o arqueiro continua, daqui há aproximadamente um mês, durante a abertura da Corte de Inverno, irei participar, em nome de minha Família, de um torneio de Kyujutsu organizado pelos honoráveis Seppun. Sei que meu pedido pode soar abrupto, mas gostaria de passar a semana anterior à competição aqui no Templo, preparando-me para ela e participando do dia a dia dos monges. Acredito que essa experiência me proporcionaria a paz que necessito para encontrar minha resposta. Isso seria possível?
Shen-san, tenho certeza que ao longo da vida descobrirá, assim como eu o fiz, que o toque dos kami nem sempre é gentil, mas que ele sempre carrega um propósito. Não deixe que o passado enuble seu presente, mas aprenda a utilizar-se dele para perceber o mundo sem depender da visão. O monge silencia-se por um instante e o jovem arqueiro esforça-se para compreender suas palavras, enquanto observava os galhos da kaya balançando ao sabor do vento. Seu pedido é aceitável e sua presença bem-vinda. Informarei meus irmãos e irmãs e fico feliz que tenha nos procurado. Tenho certeza que um bushi da Vespa não terá problemas em acompanhar nossas atividades diárias e espero que possamos ajudá-lo a encontrar as respostas que procura, o monge diz de forma gentil e educada, oferecendo uma mesura para o jovem arqueiro. Obrigado por seus conselhos e por sua compreensão Munetoshi-san. Nos veremos em breve, o arqueiro da Vespa oferece uma última reverência ao monge antes de partir e, sem perceber, oferece uma reverência à kaya.
Na saída, Shen repara o símbolo da Irmandade de Shinsei acima do torii de entrada e lê o nome, entalhado na madeira antiga, Templo do Pequeno Professor.